História | Bairro da Liberdade #1

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Campolide foi construído a mandato de Salazar, para dar suporte à estação de comboios. Outrora a mais importante de Lisboa. Assim, Campolide começou por ser um bairro operário. Posteriormente foi agregado aos terrenos da Quinta da D.Serafina (mais tarde o bairro da Serafina).

“Trata-se, assim, dum dos exemplos típico de "Bairro Social" erigido no período salazarista.”
Câmara de Lisboa


“Quem há trinta anos, viajava nos comboios que saem pelo túnel, em Campolide e olhava à esquerda, via um vasto laranjal, que se prolongava por toda a baixa da encosta de Monsanto, enquadrado entre a Quinta da Espie Miranda, propriedade legada para a Fundação de um asilo, (...) junto dos Arcos das Águas Livres e a Ponte da Rabicha, que também ainda lá está, diminuída no seu pitoresco, pela diminuição dum casaréu residencial junto, que foi encanto de artistas e dos amadores de passeios de fora de portas.”
MARTINS, Rocha, in Diário de Notícias, O Bairro da Liberdade, 24 de Agosto de 1949


Mesmo ao lado, os terrenos foram sendo comprados e os compradores começaram a construir à sua vontade. Começou a ter a identidade de quando há 56 anos padres vicentinos de S.Sebastião da Pedreira se organizaram naquele espaço e formaram a organização Educação Popular. Este grupo passou de mão para uma ordem de freiras que providenciava os dois bairros com serviços de enfermagem e ajuda social. Tornou-se uma paróquia autónoma quando o capelão José Galeia se instalou e nomeou a paróquia de S.Vicente Paulo.


Paralelamente, a igreja desenvolveu-se e em 1977 o padre Crespo tomou a liderança e de momento trabalha com 170 funcionários e ajuda cerca de 1200 pessoas de ambos os bairros. Atualmente a Educação Popular não é religiosa mas sim um colégio de primeiro e segundo ciclo.


A origem do nome do “Bairro da Liberdade” pode ter surgido de duas formas. A primeira história conta que possivelmente o porteiro do Aqueduto das Águas Livres teve a liberdade de construir um casebre de baixo dos Arcos. A outra história é semelhante, consta que é pela liberdade (excessiva) exercida pelas pessoas que lá compraram terrenos. Com estes terrenos não tiveram qualquer restrição local na construção, tornando-os clandestinos.


“De facto, livre foi a escolha do local, contra, até ao que parece, os planos de urbanização da Câmara que se destinava a Serra de Monsanto a um grande parque florestal; livres foram as primeiras construções que a polícia não conseguiu reprimir; nem o pano de tijolo, nem a barraca de madeira, chapeada de latas; livre foi a compra e a renda dos bocados de terreno que lá se adquiriram; livre foi o traçado das casas e o delineamento das ruas, tudo obedecendo à imaginação e à vontade de um homem, como se verá”
MARTINS, Rocha, in Diário de Notícias, O Bairro da Liberdade, 24 de Agosto de 1949


Passado alguns anos a Câmara de Lisboa decidiu realojar a maioria dos bairristas noutros bairros, devido às más condições habitacionais que estes tinham, com a promessa que iriam construir na mesma zona habitações seguras e que estes poderiam regressar. No entanto o espírito do antigo bairro foi se perdendo, aos poucos e poucos, tornando as pessoas que regressavam na esperança de encontrar a mesma convivência, a mesma família, descontentes.

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